18.9.09

Disposição de poucas tentativas

E o que parecia ser um rápido fim de semana, desmembrou-se em dias ocos e desnutridos. Reflete o que amanhã não vai mudar; e com a mesma certeza de ontem, tudo vira uma mera sequência lógica de fatos. Nitidamente, as pessoas emergem, e você pode até se estabelecer, o que não passará de movimentos de socialização inteiramente inconsciente. O mesmo método aparentemente adequado que não montam consequências previsíveis. Mas sua vontade, ainda assim, é de poder gritar... Percebendo até que nada a impediria. Talvez não seja momentânea a frase que agora quer sair; talvez seja mais longa e áspera, tanto quanto espero que seja. Sem informações nutridas, me faço o favor de não tê-las.
Parece que assim emito meu papel oculto em milhares de lacres e a única questão que fazemos está em achar que encerramos algo. É dessa maneira que tenho lidado com meu ar estranhamente sufocado; e pra não deixar de estar aqui, em dúvidas e conclusões medianas, saúdo minha capacidade de não saber por onde começar uma boa e falsa justificativa.

31.8.09

[...]







Cai-se o dia com sombras e dúvidas.
Espaços soltos de uma mesma conversa... que some e me deixa ser, vertiginosamente.

28.7.09

Lição de amor numa noite vazia

Breve intervalo.
É apenas disso que precisamos. Dá-nos as costas propositalmente, sem mover arrependimentos futuros, nem reanimar os fatos com viseiras. Vai sendo a forma agradável de deixar que os desatinos se encaminhem. Nada de tão errôneo que possa ser percebido ou que por ventura afete nossa mitologia. Daqui, saímos com poucos detalhes do que tínhamos. Torna-se efêmero, como a vida que irrevogavelmente temos.
O que sobrou limita-se a uma mesa com duas cadeiras; uma, vazia. E a sua meia taça de vinho que não me saboreia; é um tinto pigarro de incômodo. Excede a música sem arrancadas maiores; excede o corpo, ligeiramente molhado pela falta de excitação; excede o frio adoçado com lágrimas que não possuem qualquer tipo de dificuldade em se mostrarem fugazes e férreas. Perco o perceber dos fatos, e deito-me numa cama também vazia. Escutamos e indagamos nossas vaidades até que chegue... Que demora, anoitece, e demora... Dói, nova e rapidamente. Sem ritmos frenéticos, bebo do tesão que ainda me resta. Como quando você não soube mentir, e eu, que tanto havia me dispersado por importunidades, acabo por explicar fins por supostos meios. Alguns confiam que seja injusto, outros, uma conclusão precipitada e até certa. O mais seria uma forma inestruturada de decidir fatos que seguem sem sede alguma de decisões. Freios que coincidem com minha falta de lugar; que desarranja minha casa e teus pratos. E ninguém sente. [...] Com o tempo a noite vira, o sol reage e o dia torna a virar noite, que não muda de vício.

18.2.09

Catarse

Deu pra agonizar outra vez. Fora tão ríspido aquele instante, como vem sendo os outros. Não é carência de viver sobriamente, e sentir o coração latente e o sangue perpassando em cada dilatação. O inchaço que sobressaltou minha face não era das melhores escolhas de um dia. Tive que reformar minha miséria e não sentir piedade do meu próprio sentimento. E ele já nem é tão meu...
Ainda assim não devo lhe contar. Não quero recomeçar minha vida daqui, nem acreditar que possa estar comigo. Eu pretendo ficar onde estou, sem injetar vigor, nem engolir essa estética; preciso ser mais fútil. Mas nada reembalsa minha melancolia; e para isso não preciso destilar ou soerguer esse episódio.
Sim. Fatídico.
É até constrangedor tudo isso. E o pior é que faz todo sentido. Não estou só há algumas horas daí; retrocesso tentando ser simpático.
E o tempo, que ficou desbotado por ele mesmo, distraem todos, sem meus dramas ensaiados. Parecem me deixar aqui, com o que sobrou dos encontros que um dia foram meus também...

-

9.2.09

Afonia

Não dá pra entender!
E já estou calejada nessa vida; e nem sequer me vejo apedrejada do outro lado da casa. Não parece com algo que eu queira achar parecido. Meu enlace solteiro não se dispõe a pingar sobre os "i". Toda forma de consulta psicológica é constrangedora, não se diverte de sala em sala, nem fica estacionada na varanda. Às vezes não acredito que tenha vindo de uma gestação tão vulgar; o que nunca deixou de me excitar. Alguns acreditam que é muita precaução e subordinação pra viver. Eu acredito na futilidade da estética que alimento.
Todo corte mal pintado e unhas ligeiramente borradas não são propositais. Ou talvez um estímulo pra não esquecer de mudar. A cerveja de ontem me garantiu novas rugas, e meu salto, um bom motivo para não vê-lo mais...
Depois daí, não apareceram outros... até agora. E eu fiz questão de não atender mais a porta. Ela está precisamente trancada, sem pretensão alguma de encontrar novamente as chaves...

.interstícios de noite.

Emprestaram-lhe o dicionário errado, com a minha própria assinatura.
Eram quase 04h00min da manhã quando essa idéia mesquinha me fez abrir o armário pra tentar comer e talvez vomitar depois. Isso soa estranhamente peculiar.
Minhas idas pelas ruas da Santiago não têm sido favoráveis, o que, aliás, reflete em minhas mudanças casuais de expectativas. Costumo franzir o cenho duas vezes ao dia, e isto teve um salto extraordinário para duas em cada dez minutos. Não, não me parece espetacular.
Minha história não tem muito em comum com sua letra, nem com aquele caderno surrado do último ano. E mesmo sem achar graça, dá pra rir. Por um lado é até engraçado! Bem que naquela foto minha feição não era das melhores; o que meu cansaço nem se deixou por importar. Sem balançar meu corpo, dá até pra ver a tua pintura seca daqui... Indubitável, como pude ouvir agora.
Tão triste como a falta que me faz o gingado do solo ameno e perplexo. Não era meu, e mesmo que fosse já faz um bom tempo que não quero falar sobre o assunto.

7.2.09

Suspicaz.

Eu andei com as mãos para trás desde cedo, sem distinção alguma do que sentia. Parecia cortar-me nas vertentes entrepostas mais à frente. Não sentia melhor por isso. Pelo contrário. Nada fluía como outrora, que não se trata de um tempo muito atrás. Corre-me de um espaço precisamente estranho. Neste dia eu não quis contar a minha vida aos inquilinos da rua; eram torpes e ingentis. Precisava de nada mais que um copo d'água. Parece muito? Pois foi. Atirei metade ao chão, e mal pude me conter com a lembrança que realmente me viera. (Estou ditando apenas um de vários dias nesse transe; algo de pouco interesse para o alheio, e para mim.) Não via por que continuar a caminhar assim... mas era confortável. O que, sinceramente, não sinto agora.
Não quero outra maneira pra pensar, nem outros limites que sejam estes meus, apesar de suas ressonâncias melancólicas. Pelo visto, a fragrância da vinho não me embriaga mais. Estou menos disposta que nos dias em que em minha sala não havia notícias. Tanto faz, se por um lado meus pés ressaem sem querer...
Eu ainda gosto da voz nasal que faz o meu quarto...

27.1.09

Feito.

"Não tinha ainda terminado a narrativa quando o dia começou a aparecer. Scherazade calou-se. O rei, visivelmente intrigado, perguntava-se como fazer para conhecer o fim da história. Quando Duniazade percebeu a luz da aurora, exclamou:
- Ó minha irmã, como é bela sua história. É maravilhosa!
- O que você acaba de ouvir - insinuou a narradora - não é nada comparado ao que proponho a revelar na próxima noite... Se permanecer viva e se o rei me conceder mais tempo para poder cantá-lo. Minha história comporta na verdade numerosos episódios, mais belos e mais maravilhosos ainda do que esses com que regalei a ambos."

Khawam, 1994, p.57.
Boa sorte Natulcië...
heroiZIN