28.7.09

Lição de amor numa noite vazia

Breve intervalo.
É apenas disso que precisamos. Dá-nos as costas propositalmente, sem mover arrependimentos futuros, nem reanimar os fatos com viseiras. Vai sendo a forma agradável de deixar que os desatinos se encaminhem. Nada de tão errôneo que possa ser percebido ou que por ventura afete nossa mitologia. Daqui, saímos com poucos detalhes do que tínhamos. Torna-se efêmero, como a vida que irrevogavelmente temos.
O que sobrou limita-se a uma mesa com duas cadeiras; uma, vazia. E a sua meia taça de vinho que não me saboreia; é um tinto pigarro de incômodo. Excede a música sem arrancadas maiores; excede o corpo, ligeiramente molhado pela falta de excitação; excede o frio adoçado com lágrimas que não possuem qualquer tipo de dificuldade em se mostrarem fugazes e férreas. Perco o perceber dos fatos, e deito-me numa cama também vazia. Escutamos e indagamos nossas vaidades até que chegue... Que demora, anoitece, e demora... Dói, nova e rapidamente. Sem ritmos frenéticos, bebo do tesão que ainda me resta. Como quando você não soube mentir, e eu, que tanto havia me dispersado por importunidades, acabo por explicar fins por supostos meios. Alguns confiam que seja injusto, outros, uma conclusão precipitada e até certa. O mais seria uma forma inestruturada de decidir fatos que seguem sem sede alguma de decisões. Freios que coincidem com minha falta de lugar; que desarranja minha casa e teus pratos. E ninguém sente. [...] Com o tempo a noite vira, o sol reage e o dia torna a virar noite, que não muda de vício.