15.10.11

Nem sempre vira saudade...

Vendo os dias sendo tão incertos, percebo que o tempo não se doa como antes no qual éramos pares de danças mais longas. Mesmo que o afeto ainda tenha uma esperança não findada em meu esboço, talvez exista alguma menção do que podemos ser. Por ventura, perco-me em lembranças, geradas tantas vezes, que pareço não ter mudado de tempo... E as marcações que havia deixado como lembretes para um futuro foram rendidos e surripiados por intenções que jamais conseguiram ser explicadas. Não quero que minha calma te diga algo, e sim, que você repita meus atrevimentos, quase esquecidos. Não permito que tenha minha necessidade realçada e repetida por sua boca; eu a quero transposta sobre mim, encurtando minha melancolia, deliberando em meu deleite.

Contudo, comporta-se como se nada tivesse mudado... Como se suas mãos não tivessem deixado meu corpo, bem como sua inspiração, a minha. Eu não permito só olhadelas, eu já não o proíbo de me encontrar. Há algum tempo que venho tentando relembrar, sem excitações, o teu perfume, a aspereza das tuas palavras, a vulgaridade dos teus contos... No entanto, o apetite que me consome está prestes... E esteja! Desenhando tuas mãos em meu corpo nu, do mesmo modo que teus olhos imaginaram, com a mesma intensidade e intenções. Faríamos com que tudo o mais fosse apenas uma estória mal contada dos nossos dias inquietos, do mesmo modo como entendia seu sotaque libidinoso. É verdade que saímos sem pensar, sem notar que não estávamos sozinhos. Tão certo quanto não quero voltar, como não quero perder o gosto que acabou deixando em meus lábios, a fragrância por entre meus poros... Honestamente eu não tenho me portado diante das minúcias de nossas conversas, mas de algum modo tenho tentado fazer com que se lembre de que eu lhe perdi pela ideia que tenho de encontrá-lo novamente.

10.10.11

Pelos dias que já foram e que, por muito, ainda serão

A ideia básica de estar não faz muito sentido, talvez pelas mudanças repentinas, pelos afetos mal explanados, pelos amores mal demonstrados. É uma questão de tempo e de segurança... Aí você acaba comprometendo o significado do que ainda permanece. Eu precisava de uma chance pra não provar as evidências. Quero me assegurar de não deixar lembretes em data esquecidas, em um dia, que com toda certeza, terão suas horas feitas de lembranças. O que estava perdido afinal de contas, ainda está. Como saber se o que eu quero realmente está lá atrás, ou se preciso de um pouco mais tempo pra perceber o que deve cobrir minha real razão?
Seria como olhar a paisagem com cara dela, medir a esperança de uma vida findada... Estou disposta, ressentida pelos mesmos motivos que me culpo e que calo. (...) O esquecimento não é eficaz. É apenas sutil e falso, um fingimento inflado que condiciona o calor em que me suporto.