22.11.10

"O desespero de estar num tempo adequado é mais voraz e independente que a escolha. Vivenciar é um modo de separação entre os dois bens comuns. Não dá pra diferenciar a vontade da certeza e adiantar seus relatos de vida certamente consistentes. Analogamente, se dispersa do que fora disciplinadamente condicional, como se a regra, ou a própria exceção, não pudesse optar pelo sóbrio ou pelo intrinsecamente ludibriado. [...]”.

10.10.10

Tendência




"..., e enquanto tudo perdurar, jamais se perderá o constrangimento."

21.9.10

Depois do tato, a aversão

É poder olhar como se beija e ter a sensação de estar sendo invadida; faz com que passemos de modo completamente real a algo totalmente abstrato. Não garante que tenhamos chance, não permuta a ideia, nem se esconde das palavras. De certo modo, tudo precisa de sinceridade, ou reconhecer o medo de errar comigo mesma. Chega por meio de precauções que foram despertando interesse em saber se faz sentido permanecer. Ter bons sonhos parece rotina de quem não sonha. Como acreditar que poderíamos concluir sem a menor expectativa de prosseguir. Não nos parecemos mais. Falta disposição, renúncia, sensatez... O que pode não impedir os rumos que temos.
Das certezas que ainda me restam, nada passam de incertezas meramente vistas; personagens sem cena, sustentação do meu próprio defeito. É nisso que encontramos o desejo fiel de pensar em nada; entretanto, o pensar tornou-se tão resumido que mal se espera ser compreendido. Em se tratando de poesia, os versos perderam a imortalidade; são novamente solúveis em temporadas longas de frio. E sem estímulos consequentes da cor, o dia não revela atração, nem a pele, a vontade.

5.4.10

[...]

à Margem

Uma questão de reinventar o meio termo. Remetendo soluções pouco teóricas ou, até mesmo, cedendo em função da terceira possibilidade: uma saída rápida da inércia do antigo movimento. Tratava de repor o que ficou dito pela manhã e não engasgar mentirosamente com a saliva. E embora pareça vulgar minha infidelidade, meu constrangimento não me encara com culpa. Culpa essa que não inverte nem se apodera dos fatos. A semana não deixa de estar cansada e quando disposta descansa... Semelhante a rima de bêbado que prefere a absolvição dos pecados à falta deles; a falta de silêncio e conversa. Ao prestar atenção no que realmente se tem de significativo há algo indicando esterilidade. Tesão abatido pelas palavras mal usadas que, até então, não eram necessárias. A partir daí que não há precisão nos gestos miúdos ou incapacita as mãos, ora trocadas, ora ferreamente gélidas. Permanecer nesse contrato de gentilezas escuras interrompe manifestações sinceras, invade civilizações seguras e reitera a claridade do caos. Isso talvez se repita em condições favoráveis, quando retratos permitirem considerações mais evidentes que a fome; moda de competitividade, de escassez e fim. São apenas reações alérgicas e escapes emocionais; a elegância do egoísmo e o altruísmo ponderado.
Poderia – tão quanto não é – ser menos feio.