21.5.12

A passagem de um sem rumo


Ao delimitar meu tempo, tive silêncios mais abruptos e relevantes que pude imaginar, e como não nos damos sem reciprocidade (algo que sigo fielmente), não vejo porquê trazer à tona palavras que deveriam ser outras. Possivelmente, terminarei meus livros, e demais pretensões, sem mais sujeições ou riscos; anseio por uma nova bagagem de experiências e, no entanto, reflito em medo em não encontrar chão. Mesmo com o estômago embrulhado, sinto que está sendo uma necessidade, posteriormente esquecida ou amargurada. Apesar de não conseguir reconhecer meu futuro, tê-lo já é uma dificuldade, da qual não me escondo, mas com a qual ainda não sei lidar. Torna-se inesperado os momentos que imaginamos hoje, e os sabores que terão, assim espero, sejam puramente ocasionais. Por mais que a adaptação humana esteja pouco condicionada, a situação a que me permito está menos adiante que o programado. É a necessidade mais lógica e minha de estar em dois lugares simultaneamente, porque, por mais que queiramos algo totalmente novo, há sempre outro algo que te impede preferencialmente de se livrar do já vivido. E sim, quero abraçar o mundo e alcançar tudo o que eu puder, rememorando o que já fui, na intenção de aprimorar os conceitos já construídos. Eu quero ser de um papel relevante e ter vários destes em minha vida; quero ser introspectiva e cuidadosa; dar a meu tempo um momento objetivo.

27.1.12

Para uma nova página

Algumas teorias enfatizam a lembrança de que um dia foi certo e feliz. Basear-se nelas não deve ser a primeira intenção; não há delicadeza, fragilidade, ou mesmo anseio em esperar por uma circunstância que já passou. Talvez tenha entendido o que ficou em detrimento da saudade melancólica e temida. Não há muito que desculpar, as pessoas precisam mudar, algumas fazem isso sem nenhuma precaução, tanto que não parecem perceber o que mudou com elas. A maneira como os olhares são mencionados têm outro aspecto, tão distinto que às vezes não se vê sendo mencionado. Claramente, as personalidades que deixaram de estar presentes não costumam morrer, porque cada vez que essas novas explicitarem seu mau gosto, a lembrança será metafórica novamente, e usada sem receio.

Desde que os contos findaram, a necessidade de contá-los tornou-se ainda maior, principalmente, quando a história parece se repetir. É de imaginar que as relutâncias de uma criança estejam maduras e imersas, e que não passem hoje de uma vontade desinibida de mudar. Sem esperanças que mudem, o mesmo corte sempre serve quando o formato facial permite que combinem; no entanto, não há porquê vivenciar o que há muito foi reservado para esquecimento, nem discutir o porquê de estar lá. Talvez contar nunca faça sentido, e nem sempre tenhamos a disposição de memorizar alguns detalhes. Isso não nos torna alguém memorável, apenas reflete o que não conseguimos fazer.